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16 de jul. de 2010

Numerologia


Decidiu descobrir seu futuro e seu destino nos traços indescritos dos números. Verificou pelas linhas tortas de seu nome a contagem certa de suas qualidades, e pela linha reta do sobrenome completo, a medida certa de seus defeitos.
Encontrou uma razão no mundo: ter compaixão.
- Mas quem, raios, tem como meta de futuro a compaixão?
As pessoas querem o sentimento do conforto do lar, e o materialismo das relações de família... Quer crescer, aparecer, para dizer: Eu estou aqui.
E ele estava. Bem pertinho, assim ó... Um pulo de gato a mais e seu destino desenhado no quadrado numérico estaria completo.
Mas ele desanimou.
- Quem tem um destino broxa de ter compaixão?!
Queria um destino destemido, como do caboclo da música mais longa que ouvira na vida... Ele não era João, mas também não deveria existir nenhuma regra que impedisse os danados queimados de sol, Raimundos, de terem um destino caboclo.
Na verdade, não precisava ser caboclo... Basta o charme da cena.
E os números sabáticos insistiram na missão etérea da compaixão - Rapaz! O maior sentimento do mundo!
Raimundo rasgou o livreto de símbolos numéricos, fez do papel utilizado nas contas aviãozinho de papel e contou entre os dedos um adeus.
- Dane-se o Sentimento do Mundo!!!

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